segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
José Vicente Matias
José Vicente Matias, o "Corumbá", nascido em 1967 em Firminópolis, Goiânia, é um ex-artesão que foi preso por assassinar e esquartejar seis mulheres após ter feito sexo com elas. Os crimes aconteceram entre 1999 e 2005. Além de matar, "Corumbá" praticou também canibalismo com os restos mortais das vítimas, ingerindo sangue e pedaços cerebrais das mesmas. Quando pequeno, na cidade de Firminópolis, Corumbá viu seus pais se separarem, a mãe abandonar o lar, viveu por conta própria, e descobriu que sua mãe havia se tornado dona de prostíbulo. José Vicente Matias viajava por vários municípios do país vendendo pulseiras, brincos, colares e outros produtos artesanais. Em algumas cidades, se identificava como “Pedro”, e em outras como “Corumbá”. Uma equipe de oito policiais maranhenses, chefiada pelos delegados Paulo Márcio Tavares da Silva e Marco Antonio Rangel de Pinho, especialmente enviada de São Luís pelo secretário de Segurança Raimundo Cutrim, prendeu o “hippie” José Vicente Matias. Matias foi preso no centro da cidade de Bragança, a 210 km de Belém. Ele estava num casarão abandonado, freqüentado por artesãos e andarilhos. Os policiais maranhenses fizeram o cerco na casa – apoiados pela polícia de Bragança - e “Corumbá” se entregou, sem oferecer resistência. Ele foi transferido para a delegacia de polícia local. Interrogado, Matias confessou os assassinatos. Nos depoimentos, "Corumbá" entrou em diversas contradições. Por vezes, mencionou sofrer "influências" do Diabo, que teria sussurrado em seu ouvido a suposta missão de matar sete mulheres. Alegou também, como sendo motivos para seus crimes, xenofobia e chacotas sofridas por sua impotência sexual. "Corumbá" já possuía passagens pela polícia por estupro e atentado violento ao pudor. Suas seis vítimas fatais foram: a turista espanhola Núria Fernandes, de 27 anos, foi morta a pauladas na cabeça. Teve pedaços do cérebro e sangue ingeridos após ritual de dança em Alcântara (MA), 2005; a turista alemã Maryanne Kern, de 49 anos, morta no Maranhão e encontrada numa cova rasa. Ribeirinhas (MA), 2005; a russo-israelense Katryn Rakitov, 29 anos. Pirenópolis (GO), 2004; a goiana Lidiane Vieira de Melo, 16 anos, passou um dia e meio amarrada enquanto Corumbá chupava o seu sangue. Depois, foi esquartejada. Goiânia (GO), 2004; a baiana Simone Lima Pinho, 26 anos, teve seu corpo jogado em crateras de garimpo e posteriormente coberto com pedras. Lençóis (BA), 2000; a mineira Natália Canhas Carneiro, 15. Três Marias (MG), 1999. O jornal goiano “O Popular” localizou a dona de casa Valéria Augusta Veloso, de 37 anos, a goiana que policiais maranhenses suspeitavam que tivesse sido a primeira mulher a ser assassinada pelo acusado. Ela reside na Região Leste de Goiânia com o marido, o operário Constâncio Pereira da Silva, e com os três filhos menores, mas há cerca de quatro anos teve um envolvimento afetivo conturbado com o artesão, marcado por agressões e muitas idas e vindas. Ela chegou a ser vista com ele em Barreirinhas (MA), na região dos Lençóis Maranhenses, a cerca de 350 quilômetros de São Luís, alguns dias antes de a alemã Marianne Kern, 49, ter sido encontrada morta. Por esse motivo, a equipe de policiais coordenada pelo delegado regional de Rosário (MA), José Maria Melônio Filho, acreditava que Valéria Augusta também tivesse sido assassinada. A alemã Marianne Kern foi morta com pancadas na cabeça. De acordo com o delegado José Melônio, os golpes foram tão fortes que o rosto dela ficou desfigurado e o queixo, deslocado. O corpo da turista foi encontrado em adiantado estado de decomposição, enterrado em uma cova rasa, em uma praia de Barreirinhas. Durante as investigações, os policiais constataram que a mulher estivera alguns dias com o artesão, identificado como “Pedro”. A partir de então, o artesão passou a ser procurado como suspeito do crime. Os policiais obtiveram a informação de que o suspeito havia se hospedado em uma pousada em São Luís, na rua do Sol. Nesse local, testemunhas disseram que ele havia ido para a cidade de Alcântara, a 10 quilômetros de São Luís. Os policiais se dirigiram para Alcântara e descobriram que o artesão seguiu para a Praia de Itatinga, com a espanhola Nuria Fernandez Collada. Os investigadores descobriram que José Matias retornara sozinho para Alcântara, o que os levou a admitir a possibilidade de que a espanhola pudesse estar morta. A suspeita confirmou-se no dia 24. O cadáver de Nuria Collada, também assassinada com golpes na cabeça e no tórax, foi encontrado enterrado em uma cova, já em estado de putrefação. O fato de os dois crimes terem sido cometidos da mesma forma reforçou a suspeita do envolvimento dele. Segundo o delegado, em Alcântara o artesão preferiu ser chamado por “Corumbá”. Na sexta-feira, Kelson Nunes Campos foi preso em Santa Inês. Ele estava com um cartão magnético de Marianne Kern. De acordo com a polícia, Kelson havia sacado R$ 1,1 mil da conta da turista alemã e efetuado compras com o cartão de crédito dela, no valor de R$ 600. Kelson confessou que recebeu o cartão de um homem com as características de Corumbá. Corumbá revelou que também matou, com uma pedrada na cabeça, a turista israelense Katryn Rakitov, com quem teve um caso, em abril de 2004, em Pirenópolis-Goiás. Corumbá, a princípio, tentou passar a versão de que a morte de Katryn, conhecida por Catarina, teria sido um acidente. Contou que os dois se dirigiram para a Cachoeira da Andorinha, no município de Pirenópolis, seguindo por uma trilha deserta. No local, segundo Corumbá, eles banharam, fizeram amor na água e depois foram para um local mais distante, frequentado por banhistas. "Lá tem uma pedra de onde as pessoas pulam na água, a Pequena, como eu a chamava carinhosamente, bateu com a cabeça em uma pedra e desmaiou. Carreguei ela por cerca de dois quilômetros em busca de socorro, mas foi em vão. Chorando e falando baixo, Corumbá continuou a narrativa, porém, sem admitir o assassinato. "Quando vi que ela estava sofrendo muito e que não tinha mais condições de carregá-la, a coloquei no chão e conversei com ela, mesmo desmaiada. Pequena, eu vou te deixar aqui, mas prometo voltar qualquer dia. Em seguida dei uma pedrada na testa dela e depois cobri o corpo, porque ela já estava morta", falou o hippie. "Foi mesmo um acidente, eu não a matei, apenas impedi que ela ficasse sofrendo por mais tempo", concluiu. Em relação a Lidiayne, Corumbá disse que eles se conheceram um mês antes do crime. Ao se reencontrarem, no dia 19 de janeiro, resolveram, de comum acordo, se dirigirem a um cômodo alugado por ele, na Vila Mutirão II, onde beberam cerveja e fumaram maconha durante toda a noite e no decorrer do dia seguinte. "Ao anoitecer, já nos últimos minutos daquele dia, afirma o denunciado (Corumbá) que recebeu uma ordem sobrenatural para deitar a garota no chão, colocá-la em posição de cruz e cortá-la em tal posição", relatou o promotor Abrão Amisy Neto, afirmando que, depois de acender velas pela casa, em suposto ritual, o réu se aproveitou da fragilidade física da vítima e de ela ter ingerido bebida alcoólica, e asfixiou Lidiayne, matando-a por estrangulamento. Em seguida, de acordo ainda com o MP, Corumbá decapitou a vítima e tentou esquartejá-la, não tendo, contudo, alcançado êxito neste ponto. Em seguida, o artesão colocou a cabeça da garota em uma sacola de plástico. Quanto ao restante do corpo, amarrou as mãos e os pés e envolveu-os em uma colcha. Feito isso, acomodou tudo em um carrinho de mão e transportou o corpo da vítima até um matagal localizado nas proximidades, onde deixou a cabeça da menina e, posteriormente, lançou o corpo nas águas do Córrego Fundo. Simone Lima Pinho, de 26 anos, desapareceu em 16 de junho de 2000, quando passava o São João em Lençóis, na Chapada Diamantina. Durante viagem à cidade de Lençóis, José Vicente Matias, matou a hippie e artesã. Ele indicou a policia o local exato onde jogou seu corpo, nas proximidades de um córrego cheio de pedras e a polícia conseguiu identificar os restos mortais da hippie e artesã assassinada em junho de 2000 a pauladas e pedradas. Natália Canhas Carneiro, de 15 anos, foi seduzida por Corumbá antes de ser morta. Essa foi sua primeira vítima. O maníaco contou também que matou a jovem com um pedrada. Ele teria escondido o corpo sob galhos de árvores. A vida de Valéria Augusta Veloso, de 37 anos, passou por profundas alterações a partir de meados de 2002, quando conheceu José Vicente Matias. Ela conta que estava separada do marido, o operário Constâncio Pereira da Silva, que ficara com a guarda dos três filhos menores. Para manter-se, passou a vender sanduíches naturais em uma feira de artesanato instalada aos domingos na Praça Universitária. Em seguida, a dona de casa conheceu o artesão e, conforme disse apaixonou-se por ele. Dias depois, vendeu os móveis da casa para acompanhá-lo. Nos últimos quatro anos, segundo conta, viajou para vários municípios de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Bahia, Piauí e Maranhão. “Eu queria ser a mulher dele, mas confesso que ficava muito preocupada com os meus três filhos. Por isso, voltei cinco ou seis vezes para casa”, revela. A última e talvez a mais aterrorizadora viagem que fez na companhia de José Matias teve início em dezembro do ano passado. Segundo relatos de Valéria Augusta, o artesão constantemente a xingava e fazia-lhe ameaças. “Ele dizia que ia me acertar, que jogaria alguma coisa contra mim”, denuncia. Valéria Augusta conta que o companheiro escondeu seus documentos para que ela não fosse embora. Em meados de março, com medo de permanecer ao lado do artesão, ela decidiu fugir. Telefonou para o marido, em Goiânia, e pediu apoio financeiro. Para escapar, contou com a ajuda de um casal de hippies que também estava em Barreirinhas (MA). Valéria Augusta disse que fugiu descalça, apenas com a roupa que usava. Corumbá em 2005 pegou 23 anos pelo assassinato e ocultação de cadáver de Lidiayne. Ele ainda aguarda julgamento pelos demais casos.
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