quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Laerte Patrocínio Orpinelli
O andarilho Laerte Patrocínio Orpinelli, 47 anos, despertava compaixão dos moradores da cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, e em dezenas de cidades daquela região pelas quais costumava perambular. Maltrapilho, cabelos desgrenhados, ele carregava uma sacola de plástico nas mãos com algumas mudas de roupa mal-cheirosas. A aparente fragilidade e a simpatia quase subserviente conquistavam as pessoas que, penalizadas, decidiam ajudá-lo. Hoje, Laerte desperta ódio e perplexidade. Friamente, confessou 11 assassinatos de crianças, entre quatro e dez anos. Duas outras mortes foram confessadas informalmente à polícia. O "Monstro de Rio Claro", como passou a ser conhecido, gostava de registrar num pequeno caderno o dia e a cidade por onde passava. A partir das anotações encontradas, a polícia elaborou um banco de dados que registra a rota macabra de 26 cidades e 96 crianças desaparecidas. O andarilho da morte faz questão de dizer que tem profissão: é engraxador de portas de estabelecimentos comerciais. Laerte foi preso no município de Leme,a polícia ficou meses atrás dele. Com o antigo argumento de dar balinhas e doces às crianças ele conquistava a atenção delas. Abusava sexualmente, batia e matava. Jéssica Alves Martins, nove anos, foi uma das que cruzou a rota da morte de Laerte em 21 de novembro de 1999. Há registro da passagem de Laerte pelo albergue do município. Dois dias depois, o corpo dela foi encontrado. Em datas e locais diferentes, tiveram o mesmo fim trágico e violento Daniela Regina de Oliveira Jorge, cinco anos; Alyson Maurício Nicolau Cristo, seis anos; José Fernando de Oliveira, nove anos; Osmarina Pereira Barbosa, dez anos; Aline dos Santos Siqueira, oito anos; e Anderson Jonas da Silva, seis anos. O comportamento estranho de Laerte, sétimo filho de uma família de oito irmãos, todos nascidos em Araras, começou cedo, com quase a mesma idade de suas vítimas. Ele cursava o terceiro ano primário e chamou a atenção de uma professora pelo estranho comportamento. Mal falava, brincava sozinho e tinha péssimo rendimento escolar. Não conseguia passar de ano e abandonou os estudos. Nessa mesma época, deu sinais de que no futuro iria pôr o pé na estrada. Ficou uma semana fora de casa, sem dar satisfação aos pais. Para chamar a atenção da família, batia latas no quintal. Essas atitudes irritavam a mãe, Eliza, que, numa tentativa desesperada de contê-lo, o amarrava com pedaços de trapos na beirada da cama ou ao pé da mesa. Aos 16 anos, inaugurou uma série de internações na clínica psiquiátrica Sayão. Certa vez ficou cinco anos direto em tratamento. Às vezes resolvia dar um tempo por conta própria e fugia. Segundo o diretor da Sayão, José Carlos Naitzke, a família o internava alegando que ele tinha problemas de alcoolismo. Segundo um dos sobrinhos que preferiu não se identificar, três dos quatro irmãos homens foram aposentados por alcoolismo. O comportamento arredio e estranho de Laerte foi se potencializando pela crônica desunião da família. Depois que se casaram, os irmãos nunca passaram um Natal juntos. O sobrinho disse que e vez em quando ele fazia coisas sem nexo como pedir para a minha mãe que escrevesse cinco cartas para uma mesma pessoa. Segundo o rapaz, o tio tinha um comportamento infantil. Uma vez ele disse ter o visto em casa com um brinquedinho, dai pediu para ver e ele disse que não, que era dele. Embora com dificuldades de se relacionar com as pessoas, Laerte teve uma namorada. Sidney Aparecida Martins, 62 anos, que conheceu o andarilho em 1983 e chegou a viver com ele por dois anos e meio. Sidney conta que o maníaco era agressivo. Eles dormiam em quartos separados e moravam na casa dela, onde foram encontradas duas ossadas de crianças mortas por Laerte. Ela disse que ele ficava agitado, saía de manhã e só voltava à noite. Nunca via dinheiro com ele, sabia que era alcoólatra, mas desconhecia o fato de ele ter problemas psiquiátricos.
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Repórter policial lança livro sobre o assassino serial LAERTE ORPINELLI
ResponderExcluirCarlota passou anos seguindo a trilha do assassino e reconstituiu os crimes em um livro denso e assustador, repleto de detalhes chocantes
O escritor e jornalista, o ituano Reginaldo Carlota, 36, perdeu há muito tempo a conta de quantas pessoas mortas das mais piores formas, já fotografou em seus anos de repórter policial. Porém, nenhum dos casos em que trabalhou até hoje, conseguiu abalá-lo tanto, quanto os brutais assassinatos de duas garotinhas de 9 e 10 anos, ocorridos em Itu, no ano de 1984, quando o autor ainda era uma criança, da mesma idade das vítimas.
Foi a obsessão por esses dois casos, nunca esclarecidos pela polícia, que levaram o autor a escrever o livro “O Matador de Crianças”, que está lançando agora.
Fundamentado em rigorosa pesquisa e numa investigação obsessiva, conduzida pelo próprio repórter, o livro é um documentário chocante, brutal e aterrador, sobre o serial killer Laerte Patrocínio Orpinelli e seus crimes macabros.
Entre as décadas de 70 e 90, Orpinelli, que vivia como andarilho, perambulou por dezenas de cidades do interior de São Paulo e em sua trajetória, estuprou e matou com requintes de crueldade, um número ainda não contabilizado de crianças.
“Quando bebo incorporo Satã e quando estou tomado por ele, não posso ver uma criança que persigo até matar”, revelou o assassino com frieza logo após sua prisão, em janeiro de 2000, na cidade de Rio Claro.
Segundo Carlota, Orpinelli é o responsável pelos dois assassinatos de crianças ocorridos em Itu nos anos 80. Os crimes nunca foram solucionados pela polícia local, de acordo com o repórter. Em seu livro, o autor reconstitui em detalhes os dois assassinatos e dezenas de outros crimes semelhantes, praticado por Orpinelli.
Nascido e criado em Araras, o maníaco foi condenado por assassinatos de crianças ocorridos em Rio Claro, Franca, Monte Alto e Pirassununga, e ainda é o principal suspeito de desaparecimentos e mortes de crianças em São Carlos, Bauru, Caçapava, Jacareí, Ourinhos e várias outras cidades do interior paulista.
Durante vários anos, Carlota seguiu de maneira obsessiva a trilha de sangue deixada pelo andarilho sinistro e foi refazendo toda a rota de seus crimes.
A obsessão do autor pelo criminoso era tanta que ele perambulou durante meses por diversas cidades do interior de São Paulo, pegando carona nas mesmas rodovias que o assassino pegava, atrás de informações sobre ele. O autor também ia pessoalmente até os locais onde o maníaco havia matado suas vítimas, frequentava os mesmos bares que ele havia frequentado, conversava com as mesmas pessoas que ele havia conversado, ouviu depoimentos de familiares e conhecidos das vítimas e pesquisou centenas de páginas de jornais e inquéritos policiais sobre os assassinatos. Carlota também entrevistou três delegados envolvidos nos casos e chegou ao extremo de pernoitar durante semanas nos mesmos albergues noturnos que o andarilho dormia, tudo para saber o máximo que podia sobre o serial killer e escrever seu livro reportagem.
“Eu tive que mergulhar no mundo do Orpinelli, entrar na cabeça dele, só assim consegui traçar o seu perfil psicológico e compreender sua lógica perversa e doentia”, revelou o autor.
O Livro O Matador de Crianças custa R$ 29,90 e está sendo vendido para todo o Brasil pelo próprio autor, através de seu blog www.carlotacriminal.blogspot.com.
Obra é destaque no Brasil e no Exterior
Lançado de forma independente pelo próprio autor em setembro do ano passado, o livro teve a primeira tiragem esgotada em menos de uma semana. A obra também já foi destaque em mais de 40 jornais do interior brasileiro, teve manchetes em dezenas de sites e algumas revistas. Graças ao lançamento do livro, Carlota também foi convidado para participar de um programa policial sobre assassinos seriais, produzido por uma rede de TV internacional.